Louçã: Manifestação é "moção de censura" ao Governo e à troika
"O bloco tem um enorme empenho contra a destruição do mapa do país, da identidade das pessoas, por causa desta absurda determinação da 'troika' [da ajuda externa] de que é preciso acabar com freguesias", disse à Lusa Francisco Louçã, que está a participar, na manifestação convocada pela Associação Nacional de Freguesias (Anafre), contra a reorganização administrativa proposta pelo Governo.
Milhares de pessoas estão a descer a Avenida da Liberdade, em Lisboa, o que, para o coordenador do Bloco de Esquerda, "é uma moção de censura ao Governo e à 'troika'".
"Acho que é uma grande mobilização geral do país inteiro, da alegria de um país inteiro, da gente que diz que conhece a sua terra e que luta pela sua terra, por um Portugal com emprego, com um Portugal com respeito, por um Portugal onde possa haver este serviço essencial, que é votado pelas pessoas, decidido pelas pessoas, que é a democracia local", acrescentou.
Louçã sublinhou que "só existe uma junta de freguesia onde já fecharam o posto do correio, onde já fecharam o posto de saúde".
"Retirar às pessoas o respeito que elas merecem é um ato contra a democracia", sustentou.
"Foi por isso que o BE, aliás, propôs que as populações fossem sempre consultadas a respeito do novo mapa. E no país inteiro todos os partidos votaram a nossa proposta, quando chegou à Assembleia da República, só o Bloco de Esquerda é que se manteve firme neste respeito democrático, para as populações, o direito de decidirem por si como é que devem agrupar as freguesias, mas nós continuamos a insistir e é para respeitar essas pessoas, para as defender, que o Bloco está presente nesta manifestação", disse.
O Bloco, explicou, não está contra o princípio da fusão de freguesias, até porque "há pequenas vilas que têm dezenas de freguesias e, portanto, pode-se justificar associações de freguesias e fusões".
"O que não se pode é acabar com a freguesia onde ela é numa aldeia isolada, numa vila ou numa cidade o único lugar onde as pessoas encontram o Estado, o serviço público, aquilo que elas pagam", acrescentou, afirmando que nessas situações, as "pessoas que pagam impostos não têm nada" e a freguesia é, muitas vezes, o local "onde os idosos vão buscar os vales da segurança social".